quinta-feira, 12 de abril de 2012

"A história do samba"


Quando o Exaltasamba anunciou show em Brasília em maio de 2011, eu não pensei duas vezes: comprei um ingresso em um dos melhores lugares do estacionamento do Estádio Mané Garrincha, que sediou o espetáculo. Fui e curti muito, afinal teve abertura do Sambô, só para quem estava no camarote, além do som contagiante do Jamil. Tudo isso apenas esperando o grupo de Thiaguinho, Péricles e outros músicos, que foram importantes para o pagode no Brasil nas décadas de 1990 e 2000. Porém, como a maioria dos grupos de sucesso nacional, o vocalista Thiaguinho resolveu seguir carreira solo, numa empreitada que, até hoje, só deu certo para Alexandre Pires.


Os fãs do grupo ficaram tristes com a notícia, inclusive aqueles que, como eu, acreditam que a melhor fase do Exalta foi nos anos 90, quando as músicas chamavam mais a atenção do que o cantor. A questão que eu discordei muito nessa história não foi tanto a separação total do grupo que, ao que parece, não vai mais voltar. O problema mesmo foi uma declaração infeliz, daquelas que a gente ouve e só tem a reação de ficar quieto e balançar a cabeça negativamente. O cantor Thiaguinho, de história meteórica no pagode, afirmou categoricamente que "mudou a história do samba".


HÃ??


Além do show do Exalta, eu também tive a felicidade ver, no ano passado, as apresentações de Arlindo CruzDiogo Nogueira e Leci Brandão aqui na Capital Federal. Nas vezes em que Paulinho da Viola, Dudu Nobre e Roberta Sá estiveram aqui, não consegui ingresso, provando que o povo brasiliense tem bom gosto e muita rapidez (hehehe). 


Arlindo, Diogo, Leci, Paulinho, Dudu e Roberta pertencem a um time que Thiaguinho não faz parte, só ele não vê assim. Para mudar a história do samba, meu caro, tem que fazer samba, o que é muito mais do que rebolar e arrancar gritinhos das fãs espremidas na frente do palco. A imagem que coloquei aí em cima mostra alguns daqueles que são a história do samba. O ex-vocal do Exaltasamba só mudou a sua própria história: usou sua voz e talento para passar de um mero participante do programa Fama, da Rede Globo, a um emergente do pagode romântico com músicas muito dançantes. Esta é a diferença.


O show de Diogo Nogueira foi um dos melhores de 2011 para os sambistas de Brasília
No camarote, com a grande Leci Brandão


Thiaguinho tem talento de sobra para, um dia, ajudar a construir a história desse ritmo amado por tantos. Não foi à toa que eu fui no seu show sem pensar duas vezes. Na carreira solo, ele pode se dedicar ao samba, com uma nova banda e novo repertório. Porém, eu duvido que isto aconteça e o vocalista deve continuar sendo mais um pagodeiro do Brasil, no sentido mercadológico da palavra. Se ainda não ficou clara esta diferença básica, eu uso a frase de um grande amigo meu, o roqueiro Ciro Oliveira, que afirmou o seguinte:


"O pagode mexe com o teu corpo. O samba mexe com a tua alma".

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